Poesia Digital
Nossos dispositivos interconectados não suportam todo o
aparato vivo
Vida para o consumo
Aventura ou hipercontenção?
Comunidades virtuais
Construo minha Zona a partir de impressões virtuais, ícones
e contatos
Desenquadrando o tempo
Arquivos literários e edição
O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
A vida inteira que podia ter lembrado e se esqueceu do que
esqueceu
Tela Tecla Tela Tecla
Tu? Tu? Tu? Tu?
-Não é mais possível uma conexão?
-Não. A única coisa a fazer é aprender novamente a olhar:
A vista da sua janela.
-Sim, em sua casa.
És todo incerteza, mas não sabes sofrer
Esperas que o pensamento não pese mais
Porém, as guerras e a fome não ensinam
O melhor da dor>> Procurar se educar
Cochila e espera, desde sempre,
O Ctrl Alt Del da História
Link da apresentação da poesia no Prezi: https://prezi.com/view/YjTun5vpdOImsFoz1CPB/
Diálogos sobre a realização da atividade:
Com a chegada dos anos 80, começa a haver uma nova fase
de experiência de comunicação e informação a partir do contato das pessoas com
o ambiente tecnológico consolidado. As mutações de conteúdos, ícone visualizados
por diferentes perspectivas, sites, plataformas, através das telas dos
computadores, fazem parte desta nova experiência em que a tela é uma interface
de modo interativo, bidimensional, capaz de aliar a eletricidade biológica do
usuário com a carga tecnológica da máquina.
Como a autora afirma: “O usuário foi aprendendo a falar com as telas”.
Os aparatos inovadores, como os telecomandos, gravadores
de vídeo, câmeras e toda sorte de aplicativos criados pelos próprios
internautas mais experientes vão moldando os hábitos exclusivos (a cada
usuário) de consumismo automático.
A proliferação da “cultura de mídia” é o fator
preponderante para o aparecimento de novos signos, se recompondo em ícones,
hiperlinks, códigos inerentes a este novo campo de linguagem, que sempre estão
se recompondo, atualizando com os algoritmos (independente de nossas escolhas).
De fato, há uma infinita variedade de conexões possíveis, seja por meio das
trocas de mensagens entre usuários nas plataformas das redes sociais seja por
meio de softwares como o “ELIZA”, no qual está contida a ideia de intercâmbio, conversação
(sistemática), “sessão terapêutica” entre o usuário e a máquina.
Por fim, o trabalho de “Poesia Digital” surgiu durante
este nosso processo imersivo de leituras e escutas do mundo tecnológico,
processo no qual nos percebemos enredados em três diferentes conceitos
apontados por Santaella: “navegador errante” (que abduz), “navegador detetive” (que
induz) e “navegador previdente” (que deduz). Todos estes seres estão em nós,
transitando, participando das múltiplas plataformas da web e, o que precisamos,
é ter mais consciência de nossas escolhas de acessos e compartilhamentos nesta
nossa Era. Deve-se pensar, hoje em dia, portanto que a nossa vida interior é o
principal acontecimento, a fim de que não nos percamos no fluxo da História,
stories, atualizações, com a
(in)consequente intenção de, enfim, “resetar” tudo. Esta foi a intenção do
trabalho: questionar o que vivemos.
Como base teórica utilizamos os seguintes autores:
Arnaldo Antunes – “O pulso”
Manuel Bandeira – “Pneumotórax”
Carlos Drummond de Andrade – “Os Ombros Suportam o Mundo”
Lucia Santaella – “Substratos da cibercultura”
Santaella – “Da convivência à convergência das mídias”
Santaella – “Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo
do leitor imersivo”